quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Árvore dos Meus Problemas

Li este texto e achei interessante, penso assim, apesar de não ter uma árvore para pendurar os meu problemas, não gosto de trazer "serviço" pra casa...

O carpinteiro terminou mais um dia de trabalho. Como era final de semana, resolveu convidar um amigo para beber algo em sua casa.

Ao chegarem, antes de entrarem em casa, o carpinteiro parou por alguns minutos, em silêncio, diante de uma árvore que ficava em seu jardim. Em seguida, tocou seus ramos com ambas as mãos.

Imediatamente seu rosto mudou. Entrou em casa sorrindo, foi recebido pela mulher e pelos filhos, contou histórias, e saiu para beber com o amigo na varanda.

Dali, podiam ver a árvore.

Sem conseguir controlar sua curiosidade, o amigo perguntou por que o carpinteiro fizera aquilo.

- Ah, esta é a árvore dos meus problemas – respondeu ele. – Sei que não posso evitar ter aborrecimentos no meu trabalho, mas estas preocupações são minhas, e não pertencem a minha esposa nem aos meus filhos. Assim, quando chego aqui, penduro meus problemas nos ramos daquela árvore. No dia seguinte, antes de sair para o trabalho, eu os recolho de novo. O mais curioso, porém, é que quando saio de manhã e vou procurá-los, alguns já não estão mais ali, e outros parecem bem menores e menos pesados do que na noite anterior.

(Paulo Coelho no livro “Histórias para pais, filhos e netos”)

Nem Sempre Sou Igual


Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,

Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...

Alberto Caeiro

"Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...
Alberto Caeiro"