segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Amor é Ação, presença


O amor não é prosa e nem poesia. Aquelas três palavras não me servem. São sonetos sem pele, versos que não ressoam, metáforas que não suam, frases que não cheiram. “Eu te amo” não diz nada, entende? Não escreva o que sentiria se acordasse comigo. Acorde comigo. Não imagine meu cheiro. Me cheire. Não fantasie meus gemidos. Me faça gemer. O amor só existe enquanto amar. Ação. Calor. Verbo. Presença. Milímetros. Hálito.”

 Gabito Nunes

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Liberdade é o Segredo


Porque para o homem o clima ‘certo’ é um só: o da liberdade.
Só neste clima o homem se sente feliz e prospera harmoniosamente.
Quando muda o clima e a liberdade desaparece,
vem a tristeza, a aflição, o desespero e a decadência.”
O Minotauro, 1939. Monteiro Lobato


Monteiro Lobato foi um homem notável. Inteligente, perspicaz, advogado, editor, escritor, desenhista, crítico e nacionalista. Um nacionalismo ferrenho, que chegou a lhe custar a prisão. Preso por patriotismo! Um eterno inconformado. Não do tipo que apenas reclama, mas que luta, indignado, pela transformação. Um amante dos livros, um sabedor do universo infantil, um desbravador de nossa literatura para crianças. Um país se faz de homens e livros, por isso escrevia, em especial, para as crianças, alimentando de fantasia, aventura e liberdade as inteligências espertas desses homens do amanhã.

É sempre motivo de prazer o resgate do olhar infantil que a releitura de suas obras nos provoca. Das suas fantásticas personagens que povoavam o universo utópico do Sítio do Pica-pau Amarelo, não há como se esquecer da boneca Emília. Irreverente, teimosa, sabichona, inconformada a exemplo de seu criador. Por meio de suas tiradas, vamos nos apropriando das ideias de Lobato: "O segredo, meu filho, é um só: liberdade. Aqui não há coleiras. A maior desgraça do mundo é a coleira. E como há coleiras espalhadas no mundo.”, dizia a boneca com seu tom sempre professoral. Os livros libertam os homens, defendia o escritor.

Vale a pena reler a obra de Monteiro Lobato. Quantos ensinamentos e reflexões trazem as aventuras da Turma do Sítio. Memórias da Emília é um verdadeiro tratado de Filosofia. Com senso de humor sutil, mas afiado, suas palavras nos provocam, cutucam, incomodam.

FONTE

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Petróleo: Independência Econômica do Brasil




Em “O Escândalo do Petróleo” (1936) Monteiro Lobato denuncia o jogo de interesses motivados pela extração do petróleo. Com isso, critica o envolvimento internacional das autoridades brasileiras.

Lobato revela os bastidores da campanha prol da exploração do petróleo em terras brasileiras. Animado com a experiência vitoriosa dos Estados Unidos, o escritor consultou especialistas, reuniu capital junto a pequenos investidores e fundou empresas de prospecção. Dedicou dez anos à tarefa de descobrir nosso óleo combustível, mas acabou derrotado pelos interesses de grupos estrangeiros apoiados pelo governo Vargas.

A verdadeira epopeia é resgatada nesse livro que tirou algumas edições de circulação entre 1936 e 1937, até sua proibição pela ditadura do Estado Novo e volta posterior com a abertura do regime.

Fechado o volume, Lobato tenta mostrar que a doutrina de Henry George baseada no “Imposto Único” sobre a terra improdutiva resolveria de uma só penada, os graves problemas do país. E tudo isso, diz ele, com vantagem de não alterar a ordem social, que permaneceria intacta, longe de uma revolução dos modos soviéticos, perspectivas assustadoras naqueles tempos de início da Guerra Fria.

Neste livro Lobato denunciou que o país estava escondendo seu próprio petróleo para atender ordens dos trustes americanos (Empresa Standard Oil), Lobato denuncia a omissão do Departamento Nacional de Produção Mineral acusando-o também de fraudar pesquisas que comprovavam que na terra tupiniquim havia petróleo em abundancia e também de haver empresas petrolíferas americanas por traz dos fraudes, critica de forma dura os "geólogos" Malamphy e Opphenheim de atender as demandas da Standard Oil e boicotar perfurações brasileiras no próprio território, aponta também que as leis, mesmo antes do Estado Novo 1937, já eram a favores da perpetuação do Brasil na compra de petróleo americano, sendo assim, não produzindo o seu próprio bem.

Preso no governo Vargas, Monteiro Lobato, nacionalista ferrenho, funda um dos maiores movimentos da história deste país "O petróleo é nosso" influenciando seu próprio algoz Getúlio Vargas que anos mais tarde fundou a Petrobrás, o Brasil entrava para história ao ser o segundo país do mundo independente da produção de Petróleo dos Estados Unidos, depois da União Soviética.

"Não perfurar e não deixar que se perfure”. Esta era a situação que Monteiro Lobato, o grande ativista de sua época sobre a exploração do petróleo, diagnosticou no Brasil. Ele simplesmente não admitia que num país de enormes dimensões, e num continente no qual as descobertas se multiplicavam, não houvesse um esforço para explorar a fonte de energia que substituía rapidamente o carvão naquela primeira metade de século 20. 

O livro O escândalo do petróleo deu origem às principais bandeiras do movimento da sociedade civil que viria anos depois contribuir para a criação da Petrobras. E é este texto, acrescido de Georgismo e comunismo, que a Editora Globo resgata, neste momento em que o Brasil – passadas sete décadas – se prepara para se tornar uma das maiores potências petrolíferas do planeta. 

O Escândalo do petróleo foi lançado originalmente em 1936, durante o primeiro mandato de Getúlio Vargas. Ele relata a aventura vivida pelo próprio escritor, que reuniu capital de pequenos investidores e tentou por dez anos encontrar petróleo no subsolo brasileiro. Por conta de sucessivos empecilhos do governo da época, as tentativas de prospecção acabaram frustradas. Mas, a repressão não se resumiu ao Lobato empresário e ativista; também o escritor acabou tendo seu texto proibido pela ditadura do Estado Novo em 1937, após o sucesso editorial do lançamento com algumas tiragens sendo vendidas rapidamente. Essa situação só iria se modificar com Vargas deixando o poder em 1945.

Já o texto Georgismo e comunismo, que compõe a edição da Globo, é de 1948. Nele o autor apresenta o pensamento econômico do norte-americano Henry George, como forma de promover avanços sociais numa democracia capitalista e assim evitar a ameaça comunista que havia se tornado realidade com a participação da União Soviética na vitória sobre as forças do Eixo na Segunda Guerra Mundial. A proposta de George tem como ponto principal a criação de um “imposto único” sobre a terra improdutiva. 

Nesses dois textos o leitor vai constatar como as reivindicações de Lobato são atuais. Afinal, os cenários mudaram, mas não os problemas que o Brasil continua enfrentando tanto tempo depois. E, à falta do homem público, restam seus textos cheios de coragem e esperança no futuro.

Uma visão sobre o autor e obra que quero aqui compartilhar...

Publicação
Tese: “Edição de textos fidedigna e anotada das cartas trocadas entre Monteiro Lobato e Charles Frankie (1934-1937): Edição e estudo da correspondência entre Monteiro Lobato, Charles Frankie e alguns companheiros da Campanha Petrolífera, como Edson de Carvalho”Autora: Kátia Nelsina Pereira ChiaradiaOrientadora: Marisa Philbert LajoloUnidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)

Poder, literatura e petróleo

Choveu petróleo no Sítio do Pica-Pau amarelo. E, sobre o poço, perfurado graças aos artifícios de quatro “Faz-de-conta”, foi inaugurada a placa com os dizeres: “Salve! Salve! Salve! Deste abençoado poço – Caraminguá nº 1, a 9 de agosto de 1938 saiu, num jato de petróleo, a independência econômica do Brasil”. Esse era o desejo de Monteiro Lobato que, sem poder lançar mão da fantasia, como faziam seus personagens, recorreu a outro poder: o de escrever livros e cartas e mais cartas e livros que influenciassem pessoas, antecipando, assim, o que uma tese de doutorado veio a concluir quase um século depois: que literatura também é poder.

Foi entre os anos de 1934 e 1937 que foram estreitadas as relações entre o escritor e o engenheiro do petróleo Karl Werner Frankie, suíço imigrado em 1920, que no Brasil mudou de nome, passando a ser “Charley Frankie” – também chamado de Charles pelos amigos. Nas 147 cartas que chegaram às mãos da pesquisadora Kátia Chiaradia, ele e Lobato falam de petróleo, poder e literatura. Professora e leitora das obras do escritor, apaixonada por O Poço do Visconde, ela sempre citava Lobato em suas aulas sem imaginar que o neto de Frankie ocupava uma das carteiras.

Professora, vou trazer para você umas cartas que temos em casa, que o meu avô trocava com Monteiro Lobato”. O impacto imediato do presente do aluno foram duas noites sem dormir. Depois vieram o mestrado, um capítulo de livro que ganhou o prêmio Jabuti, e a tese de doutorado “Edição de textos fidedigna e anotada das cartas trocadas entre Monteiro Lobato e Charles Frankie (1934-1937): Edição e estudo da correspondência entre Monteiro Lobato, Charles Frankie e alguns companheiros da Campanha Petrolífera, como Edson de Carvalho”.

Torre de petróleo do campo de Araquá;
no topo vê-se a sigla da Companhia Petróleos do Brasil (CPB)


Kátia estudou com afinco as 147 cartas, sendo 91 de Lobato para Frankie e 39 deste para o escritor, além de alguns documentos técnicos relacionados à exploração do petróleo no solo brasileiro. Como Frankie por vezes guardou cópias carbonadas de sua correspondência, houve a oportunidade de trabalhar não só com as cartas que Lobato enviara ao suíço, como também com as que este encaminhava a Lobato.

“Nessas cartas, Lobato, além de se familiarizar com alguns termos técnicos-geológicos da exploração petrolífera, faz críticas contundentes ao Código de Minas de 1934 e ao ‘atraso brasileiro’, protagonizando a história das primeiras companhias petrolíferas do Brasil”. É de Lobato a frase que serviu de slogan para a campanha do petróleo que resultou na criação da Petrobrás. “O petróleo é nosso” teria sido a última frase de uma derradeira entrevista concedida à rádio por Lobato, dois dias antes de morrer.

O escritor não foi só um ativista da causa do petróleo de solo brasileiro. Efetivamente trabalhou nas pesquisas para tentar encontrar o óleo negro no solo do país, oficialmente descoberto na Bahia, em 1939. Entre 1932 e 1937, Lobato fundou ou se filiou a três diferentes companhias de prospecção: Cia Petróleos do Brasil, Cia de Petróleo Nacional e Cia Mattogrossense de Petróleo. Também se associou à pesquisa da petrolífera Alliança Mineração e Petroleos LTD, a AMEP, um departamento da Companhia de Petróleo Nacional.

Charley W. Frankie em três momentos: em retrato, na Orquestra de Limeira em 1927 (segundo violinista, à esq.) e trabalhando na demarcação de terras (primeiro plano, à esq.)

As experiências vividas no embate de anos tentando provar que havia petróleo no Brasil e que, com a descoberta, o país poderia se tornar tão rico quanto os Estados Unidos, foram compartilhadas ou serviram de inspiração para suas obras. Escreveu o livro O Escândalo do Petróleo, prosa sócio-política lançada em 1936 e que teve 20 mil exemplares esgotados em apenas 5 meses. Antes, redigiu diversos artigos para jornais sobre o assunto e traduziu e prefaciou A Luta pelo Petróleo, de Essad Bey, de 1935, juntamente com o amigo Charley Frankie. Sua “saga” em defesa do ouro negro culminou na obra O Poço do Visconde, de 1937, décimo volume da série “obras completas” de ficção para crianças.

Nas cartas que os amigos trocaram é possível identificar menções a livros e leituras, seja na parceria da tradução ou na organização e compilação de O Escândalo do Petróleo, afirma Kátia. “De ‘Prezado’, da primeira carta de Lobato a Frankie, a ‘Amigo Frankie’, em poucos dias: a relação durou, ao menos, três anos – no petróleo, nos livros, nos bastidores políticos”, afirma a autora.

Era uma preocupação de ambos o fato de engenheiros ligados à empresa norte-americana Standart Oil atestarem para o governo brasileiro que não havia petróleo no Brasil. “Lobato ficou conhecido como o ‘pai’ da Petrobrás, porque sempre foi contra a pesquisa americana no Brasil”. Kátia desconstrói a tese de que Lobato era a favor da estatização, da exploração pelo Estado brasileiro. “Ele era a favor da iniciativa privada e tinha intenção de fazer uma parceria com a empresa alemã ELBOF à qual Frankie também era ligado, como representante técnico”.


A pesquisadora Kátia Nelsina Pereira Chiaradia, autora da tese: “Lobato dedicava-se visceralmente aos ‘bastidores do petróleo’, por meio de intensa troca de cartas, buscando os mais diversos arranjos políticos e comerciais

Para Lobato, o comportamento da Standart Oil era o mesmo de um “Octopus” ou polvo, disfarçando-se em empresas ou órgãos nacionais para, quando fosse interessante, prender sua vítima, ou seja, os petroleiros brasileiros, até a morte.

No livro O Escândalo do Petróleo, porém, o escritor toma o cuidado de não deixar claro que se tratava da empresa. O assunto é tratado em uma das cartas a Frankie: “Não podemos acusar a Standard. Sabemos que no fundo de tudo está o Octopus, mas, em vez de falar em Standard, temos de dizer os Interesses Ocultos”, escreve Lobato.

A campanha do petróleo se confunde com a ficção. A correspondência ainda adverte, por exemplo, para os riscos de morte a que seu sócio na Companhia Petróleo Nacional, Edson de Carvalho, estaria sujeito. Segundo Kátia, Lobato retoma com Frankie duas mortes ligadas à campanha que ele afirma categoricamente que devem ser tratadas como “eliminação”. Ao abordar o assunto em seu livro, usa de ironia e apassiva os verbos. Um “foi morrido” e o outro “suicidado”.

“A empreitada apaixonada rendeu-lhe frutos extremos: de um lado, seria o grande responsável por levar a público três obras da literatura, recordistas de tiragem e referências sobre a saga do petróleo. No outro extremo, contudo, sua atuação colocou-o em choque com o governo de Getúlio Vargas, o que o levou à prisão”, descreve a autora.

Livros de Monteiro Lobato e outro prefaciado por ele sobre petróleo:
autora da tese revela conexão entre as cartas e os conteúdos das obras

Morri um bom pedaço na alma”, desabafou Lobato em 1941 depois de ter passado seis meses atrás das grades na ditadura do Estado Novo. “A relação entre Getúlio Vargas e Monteiro Lobato desenrolou-se de maneira bastante irregular, alternando momentos de aparente concordância ideológica com divergências extremas”.

Na carta que levou Monteiro Lobato à prisão o escritor ressaltava a “displicência do Sr. Presidente da República, em face da questão do petróleo no Brasil, permitindo que o Conselho Nacional de Petróleo retarde a criação da grande indústria petroleira em nosso país, para servir, única e exclusivamente, os interesses do truste Standard-Royal Dutch”, relata a autora da tese em uma das notas de rodapé do trabalho.

Kátia fez uma série de notas de rodapé à íntegra das cartas publicadas em seu doutorado. Nelas, a pesquisadora trata do contexto político, das perfurações e companhias petrolíferas brasileiras, dos “interesses estrangeiros” no Brasil, da relação pessoal entre Lobato e seus interlocutores, entre outros temas.

A relação entre trechos das cartas com a ficção lobatiana já havia sido mostrada na dissertação de mestrado de Kátia, quando ela analisou e comparou 16 cartas trocadas com Charles Frankie e O Poço do Visconde. “Lobato escreveu inspirado no que eles viviam nos poços que perfuravam”.

Na história infantil, para se iniciarem os trabalhos de campo, por exemplo, não bastava a vontade de Pedrinho. Foram chamados dois “experientes” técnicos estrangeiros: Mr. Kalamazoo e Mr. Champignon. “Estes podem ser lidos, talvez, como duplos ficcionais de J. W. Winter, engenheiro alemão e Frankie, que respondiam pelas perfurações de duas companhias de Lobato”. Na ficção, prossegue a autora em sua análise, os técnicos eram norte-americanos, “o que levantou fortíssimas suspeitas de Quindim que, tal qual Lobato, jamais confiara nos estudos desenvolvidos sob encomenda do governo brasileiro”.

Foi no doutorado somente que Kátia trabalhou com todas as cartas, transformando-as para a edição e acrescentando as notas de rodapé. “Também percebi o quanto da correspondência está em O Escândalo do Petróleo. Muita gente se pergunta de onde veio essa criatividade, do Lobato, como ele havia tido essa ideia. Foi da vida real mesmo. Quando ele teve um problema com um perfurador, por exemplo, lemos a mesma história no O Poço do Visconde: o técnico americano que chegou e sabotou o poço da Dona Benta.”

Rede de influências
Para a autora, a análise das cartas também expõe uma vasta discussão entre os correspondentes sobre as implicações políticas de um livro e “em especial”, sobre a força da literatura de Lobato na defesa “da causa”, como eles diziam. Lobato e Frankie citam muitas personalidades do cenário político-histórico nacional, a ponto de tornar-se necessária e complementar ao trabalho a confecção de um índice onomástico no final da publicação, com os nomes de todos as pessoas citadas nas cartas que compõem o que a pesquisadora considera uma verdadeira rede de influências construída pelo escritor.

“Lobato dedicava-se visceralmente aos ‘bastidores do petróleo’, por meio de intensa troca de cartas, buscando os mais diversos arranjos políticos e comerciais. O que não está claro nos livros, mas conseguimos perceber pela leitura das cartas, é como Lobato fazia parte do cenário político da época, como era ouvido, como era alguém que estava em todos os ambientes, tinha ‘ouvidos’ em todos os ambientes e como usava a literatura porque ele era conhecido não por ser um perfurador, mas por ser um grande escritor”, ressalta Kátia.

Perceber o tamanho da rede de influências de Lobato é uma das contribuições da tese que a pesquisadora considera mais importante. “De Getúlio Vargas até o perfurador do poço, passando por Armando de Salles Oliveira, engenheiro e político brasileiro, fundador da USP, foi uma rede construída a partir da literatura, que mostra como a literatura é capaz de construir um terreno político”.

Na sequência: telegrama de Monteiro Lobato para Frankie, em 1935;
carta do escritor ao engenheiro, em 1936; carta do suíço a Lobato, de 1937,
com desenho de sonda do campo de petróleo de Araquá

Unicamp abriga acervo do escritor

O livro de receitas de Dona Purezinha era diferente de qualquer livro de receitas que se tem conhecimento. O biscoitinho de araruta era adjetivado de “manhoso” e, além do modo de fazer, recomendava um modo de comer: “assa-se, come-se e repete-se”, brincava seu escriba Monteiro Lobato, marido de Maria Pureza da Natividade de Souza e Castro. Lobato provavelmente ajudava a mulher a “passar a limpo” seus cadernos de receita, acrescentando pitadas de literatura.

Essas e outras preciosidades da intimidade do escritor estão em documentos guardados no Cedae (Centro de Documentação Alexandre Eulálio), do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. O local também guarda parte da história do amigo estrangeiro com quem Lobato trocava as cartas estudadas por Kátia Chiaradia.

De Lobato há no Cedae a chamada Bi-blioteca Lobatiana, uma grande coleção com mais de 300 impressos, doada pela então mestranda em Teoria e História Literária no IEL Cilza Carla Bignotto, também orientada pela professora Marisa Lajolo. Cilza localizou em Santos uma coleção de livros, folhetos e periódicos de e sobre Monteiro Lobato. Adquiriu o conjunto com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e, quando terminou a pesquisa, em 1999, fez a doação do material para a Unicamp.

Trata-se de uma coleção temática que abrange ainda material publicado por uma de suas editoras e objetos como selos, estojo infantil e até curativos adesivos com os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Foi a partir de uma exposição dessa coleção que a família do escritor decidiu doar para o Cedae o Fundo Monteiro Lobato, com documentos que se referem à vida pessoal e profissional do escritor.

O Fundo inclui documentos pessoais e correspondências, inclusive as trocadas com Dona Purezinha durante o período de namoro. “A última carta dessa correspondência traz o convite de casamento”, conta a diretora técnica do Cedae, Flávia Carneiro Leão. O arquivo também é composto por livros, manuscritos e datiloscritos de contos, crônicas e traduções, além de desenhos, aquarelas e fotografias de autoria de Lobato.

Há no Fundo um ‘núcleo’ da intimidade de Lobato que inclui, entre outros documentos, a correspondência amorosa e também uma coleção de fotografias que ele fez da neta e que mostram o olhar desse avô para sua neta que devia ser muito querida por ele”, acrescenta Flávia.

Homem comum

Quando o conjunto de cartas trocadas por Frankie e Lobato chegou ao Cedae, surgiu esse novo personagem, desconhecido, mas também fascinante. Quem seria o engenheiro de petróleo suíço, que se tornou amigo de um dos maiores escritores do país? “Ficamos surpresos com o montante considerável de cartas trocadas por Lobato com alguém desconhecido como o Charley Frankie, e mais ainda que na correspondência também havia discussões sobre literatura”, ressalta Flávia.

A diretora comenta que houve a necessidade de conversar com a família do suíço para melhor identificar o material. Chegaram a uma filha, moradora de Holambra, avó do garoto que havia entregue as cartas a Katia Chiaradia. “Tivemos acesso à certidão de nascimento dele, informações sobre sua vinda para o Brasil, as relações familiares, viagens que ele fez, mapas que desenhou, enfim, conseguimos reunir a documentação que hoje, organizada, ampliou a relevância deste conjunto documental para além do mero correspondente do Lobato.

Pela primeira vez na história do Cedae uma pessoa desconhecida teve sua trajetória preservada. “Quando elegemos aqueles que terão um acervo preservado, pessoas que ficarão para a posteridade, geralmente essa escolha recai sobre os grandes nomes. Mas é preciso preservar também a memória do homem comum. Neste sentido, a documentação de Charley Frankie difere dos demais arquivos do Cedae por contar a trajetória de um imigrante que, saído do Cantão suíço, veio parar no Brasil e se embrenhou pelo interior, no meio da floresta, fazendo trabalhos de geologia; e que discute com Lobato questões de engenharia e literatura”.

Este imigrante possivelmente fugia da Primeira Guerra e certamente de uma Europa em crise e, no Brasil, casa-se, toca em uma orquestra, troca muitas cartas com a filha, ainda criança, e vai passar seus últimos anos em Mato Grosso do Sul, falecendo em Corumbá, em 1968, aos 74 anos.

FONTE

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Coaching


A palavra Coaching tem origem na língua inglesa (Coach) e significa “treinamento”. O termo Coaching foi utilizado a primeira vez em Kócs, na Hungria, para designar uma carruagem de quatro rodas. No século XVIII, os nobres universitários da Inglaterra iam para as aulas em carruagens conduzidas por homens chamados de Coacher; Por volta de 1830, o termo coach passou a ser utilizado na Universidade de Oxford como sinônimo de “tutor particular”, aquele que “carrega”, “conduz” e “prepara” os estudantes para seus exames. Em 1831 o termo Coaching foi usado no âmbito dos esportes. Em 1950, o termo foi usado na literatura de negócios, como habilidade de gerenciamento de pessoas.

A Parábola do Semeador, uma das parábolas de Jesus encontradas nos três Evangelhos 
Mateus 13: 1-9; Marcos 4: 3-9; Lucas 8:4-8, é um Coaching interessante, pois Jesus utilizava Parábolas como metodologia de treinamento de seus discípulos.

Trata-se de uma parábola autoexplicativa. O Semeador saiu a semear (trabalho/foco/empenho/dedicação). E, para alcançar seus objetivos (colher o fruto/disseminar a semente) era necessário lançar a semente (Palavra de Deus/As Escrituras/A Bíblia) a todos os tipos de solo (oportunidade); e, confiar que o seu resultado dependeria da aceitação da boa semente lançada.

A Parábola do Semeador, em si, é simples. Entender abrange todo o seu significado:

"E, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo de todas as cidades ter com ele, disse por parábola: Um semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram; E outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade; E outra caiu entre espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram; E outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, a cento por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta? E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam. Esta é, pois, a parábola: A semente é a palavra de Deus; E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra, para que não se salvem, crendo; E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas creem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam; E a que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com os cuidados e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição; E a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança". (Lucas 8:4-15).

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Oito profissões que serão as mais requisitadas nos próximos anos




Saiba onde o mercado de trabalho aposta suas fichas, segundo especialistas - Por: Sérgio Quintella e Thais Reis Oliveira - FOTO: Atilio 

Quem acompanha de perto a variação das ofertas de vaga em diferentes setores do mercado e a oscilação dos índices de candidatos por vaga nos cursos universitários já conhece o fenômeno. De tempos em tempos, determinadas carreiras ganham mais projeção em relação a outras, atraindo maior atenção dos estudantes. Nos anos 1970, por exemplo, as faculdades de engenharia costumavam concentrar boa fatia da procura. Na década seguinte, a preferência recaiu sobre disciplinas ligadas à comunicação. Em anos recentes, a tecnologia da informação angariou muitos seguidores. Vários fatores contribuem para essas transformações, quer sejam investimentos estatais em ramos específicos da economia, quer sejam mudanças de comportamento na sociedade.

O crescimento no número de vagas nas universidades públicas e privadas — de 1,3 milhão para 6,7 milhões em trinta anos — aumentou a concorrência de gente com diploma na praça, mas ainda há muitos campos a ser explorados. Com o envelhecimento da população, por exemplo, setores como saúde e nutrição devem ganhar mais visibilidade em um futuro próximo. Outro segmento que deve se destacar é a especialização para atendimento ao cliente. “Brevemente, não existirão mais vendedores sem conhecimento formal na área”, prevê a consultora Daniela Ribeiro, gerente sênior da empresa de recrutamento Robert Half.Veja a seguir esses e outros setores em alta. 

1) Engenheiro genético

O avanço da medicina somado à detecção cada vez mais precoce de doenças e síndromes deve ampliar o leque de atuação dos geneticistas. O profissional que pesquisa e manipula as estruturas de DNA de seres vivos será requisitado em clínicas particulares, laboratórios, empresas agropecuárias, institutos públicos da área da saúde, indústrias farmacêuticas e universidades. Entre outras funções, ele pode produzir vacinas, medicamentos e sementes modificadas, além de atuar no aperfeiçoamento de espécies e na identificação de características hereditárias. Outro ramo promissor é o aconselhamento a casais que enfrentam problemas de fertilidade. Por enquanto, nenhuma universidade brasileira oferece graduação específica em engenharia genética. Para seguir a profissão, o interessado precisa cursar a faculdade de medicina (com duração de seis anos) ou de biologia (quatro anos) e, depois, ingressar em uma pós-graduação na área.

2) Programador de software

O abismo entre a demanda do mercado e a oferta de desenvolvedores faz com que os estudantes comecem a aprender programação cada vez mais cedo. “Há alguns anos, as multinacionais queriam atrair adolescentes“, explica Daniel Clessi, sócio de uma escola especializada em alfabetização digital. “Agora já estão atrás das crianças”, completa. Uma pesquisa da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro calcula que o Brasil vai precisar de 408 000 profissionais do ramo em 2020, número oito vezes maior que o atual. Para fazer carreira no mundo corporativo, o especialista em TI precisa criar ferramentas e resolver problemas de forma mais econômica. As faculdades da área são sistemas de informação e ciências da computação.

3) Consultor financeiro pessoal

No futuro, mais pessoas vão trabalhar de forma autônoma, sem garantia de renda fixa mensal. Além disso, as taxas de juros oferecidas pelos bancos tendem a baixar nos próximos anos, comprometendo a rentabilidade de poupanças e outros investimentos de perfil conservador. Esse cenário vai evidenciar a importância de especialistas que mantenham a saúde econômica das famílias nos eixos. Reorganizar orçamentos, poupar e investir são funções do profissional. Por gerir as finanças da vida dos clientes, ele terá de lidar com questões pessoais e compreender como as emoções podem afetar decisões. “Nos Estados Unidos, esse papel é tão importante como o médico da família“, diz a consultora Letícia Camargo. “Algo parecido vai ocorrer por aqui.” Além de curso superior, para entrar no ramo é preciso ser homologado por órgãos como o Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).

4) Analista de marketing digital

Cuida de campanhas publicitárias em sites de busca ou redes sociais. Cabe a ele verificar qual foi a receptividade dos produtos junto aos internautas e analisar o retorno que a marca alavancou por meio de cliques, curtidas ou compartilhamentos. Com isso, saberá calcular os investimentos necessários para ações futuras. Sua formação primária deve ser em comunicação ou ciências exatas.

5) Auditor

Os códigos de conduta e regras internas de gestão das companhias vêm sendo aprimorados, sob forte vigilância da sociedade, cada vez menos tolerante a desvios éticos. No Brasil, os recentes escândalos de corrupção na política jogaram ainda mais holofotes sobre a importância do profissional responsável por formular as normas e garantir o cumprimento de processos e regulamentações dentro de uma empresa. Especialistas nessa área no país tendem a ser graduados em administração, ciências contábeis, economia ou engenharia de produção.

6) Nutricionista

Trata-se de uma carreira que recebeu atenção nos últimos anos devido ao crescimento do interesse pela alimentação saudável. Mas outra variável no horizonte é o aumento da longevidade da população. Essa situação está levando à criação de um nicho específico, o dos profissionais dedicados aos idosos. O eixo será a adaptação às mudanças decorrentes do envelhecimento. Com a dentição mais fraca e as funções digestivas, gástricas e intestinais reduzidas desses indivíduos, os especialistas deverão traçar estratégias para que seus clientes continuem se alimentando de forma correta. As universidades do país já disponibilizam cursos de graduação em nutrição há décadas. No caso da terceira idade, no entanto, o campo é reduzido. Desde o ano passado, a Uerj mantém a disciplina eletiva alimentação, nutrição e envelhecimento para esse segmento. “Antes, a nutrição estava mais voltada para problemas de desnutrição e de obesidade. Agora o foco passou a ser também os idosos”, explica a professora Maria de Fátima Garcia de Menezes, do Instituto de Nutrição da Uerj.

7) Vendedor técnico

O aumento da concorrência e da competitividade vai valorizar os profissionais especializados em vendas. Para alavancar o volume de negócios, a empresa precisará de funcionários altamente técnicos. Isso vale tanto para o varejo quanto para as indústrias. No futuro, não haverá mais espaço para aquele empregado que não conhece o produto, não tem inglês fluente e, principalmente, apresente formação escolar deficiente. As companhias, cada vez mais enxutas, só terão lugar para pessoas com especialização. “Nos últimos dez anos, por causa da internet, o cliente passou a ter mais informação. Por isso, o profissional de vendas precisa conhecer muito bem as tendências de mercado e funcionar mais como um consultor do que como alguém que vai empurrar alguma coisa para o comprador e pronto. Ele tem de saber interpretar o que o cliente quer”, diz a professora Elaine Tavares, do Instituto Copeadd de Administração da UFRJ.

8) Gestor de meio ambiente

Sua função é garantir o uso racional de recursos naturais. Alguns exemplos de atividades são desenvolver e implementar programas de educação ambiental, analisar o impacto das atividades humanas sobre o solo, a água e o ar e orientar a exploração desses elementos por técnicas menos danosas. O campo de ação é bem amplo. É possível trabalhar em regiões florestais degradadas, indústrias, concessionárias de água e energia e em áreas de reserva. Outro nicho em alta é o estudo das destinações possíveis para o lixo e sistemas de reciclagem e coleta de dejetos. Quem tiver formação em direito pode ainda atuar na mediação entre corporações e órgãos governamentais de fiscalização, sustentabilidade e preservação. 

FONTE

http://vejario.abril.com.br/materia/servicos/oito-profissoes-que-serao-as-mais-requisitadas-nos-proximos-anos?utm_source=compartilhar

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Oranjestad



Conhecendo Oranjestad

Oranjestad é uma mistura única entre o antigo e o novo, que dá um charme diferenciado à capital de Aruba. Uma agitada cidade portuária, ruas e centros comerciais de Oranjestad estão repletos de varejistas internacionais de luxo, diversas boutiques e joalherias deslumbrantes. Fascinantes edifícios históricos restaurados são encontrados ao longo do caminho, como o verde "stadhuis", habitação da Câmara Municipal onde os casamentos civis são realizados.


Um cênico parque linear beira a costa de Oranjestad até o aeroporto. Oranjestad é também um importante centro de vida noturna, repleta de restaurantes, cafés, clubes, salões, bares e cassinos.


O Fort Zoutman, o edifício mais antigo de Aruba, foi construído em 1798 para proteger a cidade dos piratas. A torre Willem III foi construída em 1868 e funcionou como farol e relógio. O Museu de História, posicionado entre os dois edifícios, abriga uma exposição permanente que exibe os principais acontecimentos da história de Aruba, além de exposições temáticas. Fique na cidade para o Festival Bon Bini as terças-feiras às 18h30, no pátio, ao ar livre.

Desfrute da história da ilha assistindo aos dançarinos folclóricos, tradicionalmente fantasiados, da música, de especialidades culinárias e artesanato local.


A casa histórica da família Ecury no centro de Oranjestad, foi transformada para abrigar o Museu Arqueológico, um museu impressionantemente moderno, que surpreendentemente apresenta a herança cultural ameríndia de Aruba e achados arqueológicos.

Monumentos inspiradores homenageando os líderes políticos (Jan Hendrik Albert (Henny) Eman, Cornelis Albert (Shon) Eman e Betico Croes) são encontrados perto do edifício do Parlamento. A estátua da rainha Wilhelmina da Holanda fica em um parque que leva seu nome. Heróis da Segunda Guerra Mundial Boy Ecury, a Guarda Nacional e voluntários, também são homenageados.

A Cas di Cultura é o teatro nacional de Aruba onde artistas locais e internacionais se apresentam ao longo do ano.

A economia de Aruba já foi dependente de aloés (babosa). A fábrica e o Museu de Aloés, localizados fora da cidade, em Hato Plantation, foram construídos em 1890 e conta uma história fascinante a seus visitantes.


Andar pelo centro de Oranjestad nunca foi tão fácil e divertido com a adição de um bonde de última geração, inaugurado em 2012. A linha liga o terminal de cruzeiros com o centro da cidade onde passa pela rua principal, agora totalmente remodelada e com um calçadão atraente. O bonde faz seis paradas durante o trajeto em monumentos, museus e em áreas comerciais importantes.



Oranjestad é a capital e a mais importante cidade de Aruba localizada no sudeste da costa perto do lado oeste da ilha. Na língua local, o papiamento, Oranjestad é chamada de "Playa". Sua população é de 26 355 habitantes (2000).

A cidade foi construída perto do Forte Zoutman, em 1796 e se converteu na capital de Aruba desde então. O forte é ainda uma das atrações da cidade; outras atrações são do porto livre de impostos e a Torre Guilherme III, localizada perto do forte.

Oranjestad é servida pelo Aeroporto Internacional Rainha Beatriz, a 2,5 quilômetros do centro da cidade. É sede da Universidade de Aruba, que oferece cursos de Direito e Ciências Econômicas e a maior escolas secundária da ilha, o Colégio Arubano, modelado no Sistema Holandês de Ensino. Muitos estudantes migram para a Holanda para fazer cursos de graduação e pós-graduação.

Oranjestad é também sede da Faculdade de Medicina da Universidade Xavier, Aruba, instituição que se baseia no curriculum americano de ensino de medicina e todas as aulas são ministradas em inglês. A principal rua de compras em Oranjestad é a Caya G. F. Betico Croes. A arquitetura da cidade possui influências locais e neerlandesas. Em muitas partes da cidade pode-se encontrar vários edifícios de cores brilhantes.


FONTE

aruba

terça-feira, 30 de junho de 2015

A Arte de Ser Avó


"Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu... É como dizem os ingleses, um ato de Deus". Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto. O neto é, realmente, o sangue do seu sangue, o filho do filho, mais que filho mesmo...

Cinquenta anos, cinquenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que você esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações, todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto, mas acredita. Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores com paixões: a doçura da meia idade não lhe exige essa efervescência. A saudade é de alguma coisa que você tinha e que lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade.

Bracinhos de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as crianças? Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum suas crianças perdidas. São homens e mulheres- não são mais aqueles que você recorda.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe coloca nos braços um bebê. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade, longe de ser um estranho, é um filho seu que é devolvido. E o espanto é que todos lhe reconhecem o direito de o amar com extravagância. Ao contrário, causaria espanto, decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.

Sim, tenho certeza de que a vida nos dá netos para compensar de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis. E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono abre o olho e diz: "Vó!", seu coração estala de felicidade, como pão no forno!

Rachel de Queiroz

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

No Amor e na Amizade...

 
 
"Errar é humano,
mas quando a borracha se gasta
mais do que o lápis,
você está positivamente
exagerando".
J. Jenkis

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Captei, Captei a vossa mensagem, Aline



Hoje conheci no Programa Ana Maria Braga a carioca ALINE MATOS. Foi inevitável não pensar se algum "olheiro do humor" estava acordado, observando esta mulher e tendo a mesma sensação que eu. Ela é um achado... e tem potencial como a new face do humor. Ela faz rir sem lançar mão de acessórios, cenários, caracterização, personagem ou recurso teatral. Qualidades à parte, reconheço a Aline tem defeitos insuportáveis (como a maioria das pessoas) e se ingressar, ainda mais, pelo mundo da mídia vai precisar ser lapidada, mas a essência de humorista está toda ali.

Li em algum lugar que "fazer palhaçada" não está nos planos de Aline, mas que ela leva jeito, isso leva.

O humor é realmente algo interessante. Este ano a Universidade Federal do Rio Grande do Sul apresentou como proposta de redação do vestibular/2013, o tema: “O Papel e os Limites do Humor na Sociedade” requerendo dos estudantes que observassem as manifestações de humor cada vez mais comuns nos meios de comunicação, na internet, nas casas de teatro, e em tantas outras situações, responsáveis por gerar na sociedade as reações mais diversas.

E para servir de subsídio à construção do texto, foi fornecido aos vestibulandos um trecho extraído do livro "O Riso. Ensaio sobre o significado do cômico" - (Le Rire. Essai sur la signification du comique), uma reunião de três artigos publicados por Henri Bergson, em 1899, e que constituem um verdadeiro tratado sobre o humor.

A proposta da redação foi provocar a análise das várias vertentes que contemplam o tema, observando se as expressões de humor de jornalistas, escritores e comediantes, que repousam sob o manto da liberdade de expressão, não estariam, contudo, aproveitando-se do exercício desse direito para cometer excessos. Questionou-se também se seria possível provocar o riso sem incomodar, já que o humor se constrói a partir de um olhar crítico sobre o comportamento humano.

É um tema conflitante, não é mesmo?! O que é humor a uma pessoa pode não ser para a outra. Contudo, é unanime o sucesso de Laurel and Hardy (O Gordo e o Magro) uma das duplas cômicas mais populares do cinema; do comediante Jerry Lewis, Rowan Atkinson (Mr. Bean) e tantos outros, como Renato Aragão, Dedé Santana, Zacarias, Mussum, Jô Soares, Gordurinha, Ary Toledo, Ronald Golias, Chico Anysio, Ton Cavalcante, Leandro Hassum, Marcius Melhem, Rony Rios, Bruno Motta de Lima.

Eu não tenho paciência pra assistir a maioria dos programas de humor da atualidade, troco de canal, e se não tiver alternativa desligo a TV, mesmo. Os esteriótipos (negativos) neles apresentados exaustivamente, suscitam cada vez mais o preconceito e a discriminação... e isso não é engraçado (de onde tiraram a ideia que humor é isso?! que bullying é divertido?!)... na verdade falta humor, e quero acreditar que tais personagens não representam nenhuma tendência sociocultural, porque além de apresentarem textos apelativos, sexistas e até racistas, de uma criatividade mediocre incontestável, não oferecem comicidade alguma, são apenas trágicos.

Sei que o humor não é uma via de mão única e a personalidade do outro (daquele que ri ou não) conta muito. Então, num primeiro momento o jeito da Aline me causou rejeição. Ela fala alto. Atropela limites... (se é que ela respeite algum rsrsrsrs) a Aline é naturalmente exagerada. Fala o que quer sem ficar censurando palavras, gestos, caras e bocas. É divertida até quando pretende falar sério. Deu o seu recado. E diante da máxima: "Se você não sabe brincar não desce pro play", que Aline disparou de forma inusitada (ela estava discutindo, tensa e ao mesmo tempo querendo ser engraçada?!), Rolando Lero (Rogério Cardoso) da Escolinha do Professor Raimundo, diria: "Captei! Captei a vossa mensagem!"
 

Você sabia??!!
 
A Escolinha do Professor Raimundo foi criada pelo humorista, jornalista e compositor Haroldo Barbosa, em 1952. Apresentada pela Rádio Mayrink Veiga, a sala de aula do professor Raimundo Nonato (Chico Anysio) era o cenário para as piadas de três alunos: o sabido, interpretado por Afrânio Rodrigues, o burro, papel de João Fernandes, e um esperto, Zé Trindade. Mais tarde, eles ganhariam a companhia de um mineiro desconfiado, vivido por Antônio Carlos Pires. Com o sucesso na rádio, a Escolinha ganhou sua versão televisiva em 1957, mas apenas em 1990 o quadro foi transformado em programa – ideia do próprio Chico Anysio. O humorístico foi exibido pela TV Globo até o ano 2000.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Agora e Para Sempre


A você que sempre desperta em mim essa vontade...

"Vontade de me apaixonar, de ser vencida por um olhar,
de ser roubada por uma mão que me pega na cintura,
de ver alguém me descobrindo com ar de surpresa,
de perder o raciocínio para o pensamento... em alguém,
de não enxergar distância entre os dois lados da cidade,
de me arrumar por algum motivo a mais que o trabalho,
de ter disposição para encontrar músicas novas,
de ler uma poesia e saber que seria possível vivê-la,
de encontrar alguma graça em passar pelo domingo,
vontade de ser encontrada em uma multidão de vazios,
vontade de que fosse agora e para sempre.
Preciso te achar desesperadamente
e é tão pouco e quase próximo...
o que nos separa são os encontros."

Cáh Morandi