terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Foi Por Mim



Você também está incluído em João 3:16

Em João 3:16, a passagem bíblica afirma que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". Uma das passagens mais conhecidas da Bíblia sobre o amor de Deus por toda a humanidade.

"Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal". Essa afirmação do apóstolo Paulo foi feita em sua primeira carta a Timóteo (1 Timóteo 1:15)

Paulo se colocou como exemplo, bem no estilo: "Foi por mim também". porque quis dizer a todos aqueles que poderiam se sentir não merecedor da graça da salvação que ele (Paulo) é o "principal" ou "pior" dos pecadores que Cristo Jesus veio ao mundo para Salvar.

Ele era pecador, em suas ações antes de sua conversão ao cristianismo. Paulo havia sido um blasfemo, perseguidor e opressor dos seguidores de Jesus Cristo, chegando a prender e até mesmo consentir na morte de cristãos, por expressarem publicamente sua fé...

Ao se declarar o "principal dos pecadores", Paulo demonstra uma profunda humildade e um grande reconhecimento da misericórdia e graça de Deus em sua vida, que o transformou de perseguidor em um dos mais importantes apóstolos e missionários do cristianismo.

Paulo usa sua própria história como um exemplo da longanimidade de Cristo, mostrando que a salvação está disponível a todos, independentemente de seus pecados.

Foi por Mim. Foi por Você. Jesus se entregou a morte de cruz para nos resgatar. Foi o preço que ele pagou por mim e por você, por AMOR. A expressão "está consumado" é uma frase proferida por Jesus na cruz, que significa que o sacrifício foi completado e a dívida do pecado foi paga.

A palavra grega "tetelestai", que se traduz como "está consumado", implica que tudo foi realizado e cumprido. Essa declaração marca o ápice do plano de redenção, indicando que o caminho para Deus está aberto e que a justiça foi satisfeita. A frase é encontrada em João 19:30, onde Jesus entrega seu espírito após declarar que tudo estava completo.

Em Romanos 5:8, diz (ACF) "Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores." Este versículo enfatiza a natureza incondicional e sacrificial do amor de Deus. Ele demonstra que, mesmo quando a humanidade estava em um estado de pecado, incapaz de se salvar, Deus tomou a iniciativa de enviar Jesus Cristo para morrer em seu favor. O amor de Deus não foi motivado por nada de bom que houvesse em nós, mas unicamente pela Sua vontade soberana.

Ao morrer, Jesus não apenas perdoou os pecados e anulou a dívida que era contra a humanidade, mas também desarmou e humilhou publicamente as forças espirituais do mal, como principados e potestades. A cruz, que parecia ser um sinal de derrota, foi, na verdade, o local do Seu triunfo definitivo sobre o poder do pecado e da morte.

O AMOR de Jesus venceu por mim...


Amor Que Triunfou na Cruz | (João 3:16)

domingo, 21 de dezembro de 2025

Plenitude: Que Cristo Habite em Seu Coração...


Oração de Paulo: Que Cristo Habite em seu Coração

Efésios 3:17-19 faz parte de uma das orações mais profundas do apóstolo Paulo, focada no fortalecimento espiritual e na experiência do amor divino.

"E oro para que Cristo habite em seus corações, à medida que confiarem nele, e que vocês aprofundem suas raízes no solo do amor maravilhoso de Deus; e que vocês, junto com todos os filhos de Deus, possam compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo; e por si mesmos possam experimentar esse amor, embora seja ele tão grande que vocês nunca verão o seu fim, nem o poderão conhecer ou compreender completamente. E dessa maneira, vocês ficarão cheios de toda a plenitude do próprio Deus".

O Amor de Deus (Logo Eu) - Ao Vivo - Rachel Novaes e Paulo Cesar Baruk


Abaixo, os pontos centrais da análise:

1. A Habitação de Cristo e a Fé (v. 17)

Paulo ora para que Cristo habite no coração dos crentes através da fé.

Significado: A palavra grega para "habitar" (katoikeo) sugere estabelecer residência permanente, não apenas uma visita passageira.

Condição: Isso ocorre pela fé, resultando em uma vida "arraigada e alicerçada" em amor.

Arraigados: Metáfora agrícola que indica raízes profundas que buscam nutrição.

Alicerçados: Metáfora arquitetônica que indica uma base sólida e inabalável.

2. As Dimensões do Amor de Cristo (v. 18)

O texto convida o cristão a compreender, junto com todos os santos, a magnitude desse amor em quatro dimensões:

Largura: O amor que alcança a todos, independentemente de origem ou passado.

Comprimento: Refere-se à eternidade desse amor, que não tem fim.

Altura: O amor que nos eleva à presença de Deus e à nossa herança celestial.

Profundidade: O amor que alcança as pessoas nas situações mais baixas e difíceis.

3. O Paradoxo do Conhecimento (v. 19)

Paulo menciona o desafio de conhecer o amor de Cristo que excede todo o conhecimento. Trata-se de um paradoxo: embora o amor de Deus seja infinito e impossível de ser totalmente compreendido pela mente humana, ele pode ser experimentado pessoalmente através do relacionamento com Cristo.

4. A Plenitude de Deus (v. 19b)

O objetivo final dessa experiência é que o crente seja cheio de toda a plenitude de Deus. Isso não significa tornar-se igual a Deus, mas ser preenchido por Suas virtudes, presença e poder, levando à vida abundante que Ele oferece.

No conceito bíblico, plenitude significa ser completo, inteiro, cheio da presença e do poder de Deus, alcançando a maturidade espiritual, a satisfação total e a realização em Cristo, sendo habitado por Ele para viver uma vida abundante, com propósito, alegria e em unidade com a vontade divina, culminando na edificação do corpo de Cristo.

A plenitude de Deus refere-se a ser completamente preenchido pela totalidade da natureza e do caráter de Deus, especialmente através de Cristo Jesus.

Abaixo estão alguns versículos chave da Bíblia - Nova Versão Internacional (NVI) que abordam este conceito:

Colossenses 2:9-10 (NVI): "Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, vocês receberam a plenitude. Ele é o Cabeça de todo poder e autoridade".

Efésios 3:19 (NVI): "...e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento, para que vocês sejam preenchidos de toda a plenitude de Deus".

João 1:16 (NVI): "Todos nós recebemos da sua plenitude, graça sobre graça".

Efésios 1:22-23 (NVI): "Deus colocou todas as coisas debaixo dos pés de Cristo e o designou chefe de tudo para a igreja, que é o corpo dele; ela é a plenitude daquele que preenche tudo em todas as coisas".

Gálatas 4:4 (NVI): "Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei" [...]

Romanos 11:36 (NVI): "Porque dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém". (Embora não use a palavra "plenitude", expressa a totalidade da soberania de Deus sobre tudo).

By Elizabeth Nogueira
Imagem/Facebook - Pausa Agradável

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O Homem que Não Podia Errar


Durante a Segunda Guerra Mundial, os engenheiros militares analisavam os aviões que retornavam das missões cravejados de balas e notavam que a maioria dos danos por balas e fogo antiaéreo estava concentrada nas asas, na cauda e na fuselagem (partes que não continham componentes críticos para o voo). A recomendação inicial parecia obvia: reforçar essas áreas mais atingidas (onde tinham mais buracos).

Estavam errados.

Abraham Wald, membro do Grupo de Pesquisa Estatística da Universidade de Columbia, argumentou de forma diferente: Os aviões que voltaram sobreviveram aos danos nessas áreas. E, os aviões que não voltaram?

As marcas dos aviões abatidos identificava onde um avião podia ser atingido e ainda assim retornar a base. Os aviões "abatidos"  foram atingidos onde não havia marcas nos aviões que retornaram.

Portanto, os pontos de impacto críticos eram aqueles que, se atingidos, resultavam na perda total do avião, impedindo seu retorno à base. Wald concluiu que as áreas que deveriam receber blindagem extra eram aquelas que estavam intactas nos aviões que retornaram: o motor, o tanque de combustível e a cabine do piloto.

Os aviões atingidos nessas áreas vitais simplesmente não sobreviviam para serem contados na análise inicial.

Essa história é um exemplo clássico de como o viés de sobrevivência pode levar a conclusões erradas, destacando a importância de considerar os dados ausentes (os aviões perdidos) para uma análise completa.

O "ponto fraco" dos aviões que não voltaram durante a Segunda Guerra Mundial eram as áreas onde os aviões sobreviventes não apresentavam danos. Esta conclusão foi alcançada pelo estatístico húngaro Abraham Wald, que identificou o viés de sobrevivência na análise inicial dos dados.

Blindem, reforcem o que parece intacto. Não analise apenas quem sobreviveu. Isso faz com que aquele que desapareceu, falhou, não retornou, sumiu, suma da estatística, caia no esquecimento.

O que faltou? Qual foi o erro que atraiu o erro fatal? Para se ter o diagnóstico coerente não basta analisar apenas os erros e acertos de quem retornou é preciso também identificar e classificar os erros e acertos dos que não retornaram.


Cem Ovelhas - Luciano Camargo


Eu morava em Natividade/TO (1986/87), quando alguém me indicou a leitura do Livro: "O Homem que não podia errar". Anotei na minha agenda, contudo esqueci de quem recebi a sugestão. A narrativa conta a história interna do colapso de um império religioso. O caminho para o desastre foi pavimentado com o tipo de boas intenções que todos nós reconhecemos: a Armadilha do Ego. Agora como sair daqui?

Por vezes, nosso maior perigo são nossos pontos fortes; não nossas fraquezas! Descuidamos naquilo que nos achamos bons, que não vamos errar. Que fazemos até de olhos fechados. Como Deus pode usar os próprios erros para mudar quem os comete. Como identificar a diferença entre a voz de Deus e o nosso próprio subconsciente.

No livro de Lucas 15:4-7 na Bíblia, Jesus narra a história de um pastor que deixou 99 ovelhas para procurar uma ovelha que estava perdida, encontrando-a e celebrando com alegria, simbolizando a busca de Deus por cada pecador que se arrepende, com mais festa no céu por ele do que pelos justos.

Assim como o pastor valoriza a única ovelha perdida, Deus valoriza cada pessoa, mesmo quando se desvia. Deus não desiste de ninguém; Ele vai atrás do que se perdeu. Há grande alegria no céu quando um pecador se volta para Deus, mais do que por muitos que já estão no caminho certo.

Essa parábola faz parte de um capítulo (Lucas 15) que inclui outras histórias sobre coisas perdidas e encontradas, como a das Dez Moedas (uma moeda se perdeu) e a dos Dois Filhos (filho pródigo), todas mostrando o amor e a misericórdia de Deus em buscar, o que se havia perdido; de se regozijar, pois: "Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e achou-se (Lc. 15:32)."


O livro "The Man Who Could Do No Wrong" (O Homem que Não Podia Errar), publicado em 1981, é uma autobiografia de Charles E. Blair, escrita em colaboração com John e Elizabeth Sherrill.

Sinopse
A obra narra a ascensão e a queda dramática de um "império religioso" construído sobre boas intenções. Charles Blair foi um evangelista e pastor da Calvary Temple em Denver, que viu sua pequena congregação se transformar em uma das maiores igrejas dos Estados Unidos.

O Sucesso e a Expansão: A jornada de Blair desde suas origens humildes até se tornar um líder influente, focando em sua conversão e no crescimento exponencial de seu ministério.

O Colapso: Os bastidores de decisões financeiras e espirituais equivocadas que levaram a um escândalo público, acusações de fraude e ao quase colapso de suas organizações.

Temas Centrais: O autor discute a "armadilha do ego", o perigo de confiar apenas nas próprias forças e como distinguir a voz de Deus dos desejos subconscientes.

Redenção: Relata sua transição da derrota e do orgulho para uma redescoberta da humildade e do amor de Deus através de seus próprios erros.


Sobre os autores de "The Man Who Could Do No Wrong"

Detalhes da Publicação:
Autor: Charles E. Blair (com John e Elizabeth Sherrill).
Editora: Chosen Books (originalmente).
Páginas: Aproximadamente 233 páginas.

John L. Sherrill (nascido em 1923, Covington, Tennessee) e Elizabeth "Tib" Sherrill (nascida em 1928, Hollywood, Califórnia) são escritores cristãos. Coautores de vários livros best-sellers, incluindo:

1. O Contrabandista de Deus (com o Irmão Andrew)

2. O Esconderijo (com Corrie ten Boom)

3. A Cruz e o Canivete (com David Wilkerson)

De 1944 a 1951, John Sherrill foi escritor freelancer na Europa. John e Elizabeth Sherrill se conheceram a bordo de um navio a caminho da Europa e se casaram na Suíça em 1947. De 1947 a 1963, Elizabeth foi escritora freelancer para revistas. Em 1970, fundaram uma editora, a Chosen Books, dedicada a buscar "pelo mundo livros que tivessem dois critérios. Eles seriam interessantes. Eles seriam úteis." O primeiro título deles foi The Hiding Place".

Elizabeth é autora de mais de 30 livros – muitos coescritos com seu marido. Alguns desses livros foram traduzidos para mais de 40 idiomas.

Os Sherrill têm três filhos: John Scott Sherrill, Donn Sherrill e Elizabeth Flint. Moram em Chappaqua, Nova York.

domingo, 22 de junho de 2025

Aguarde a Colheita



No ambiente de trabalho a frase "Separe o joio do trigo e faça o pão." é uma metáfora que ilustra o processo de discernimento para classificar e selecionar o que é valioso, verdadeiro, útil, descartando o que é inútil, falso, prejudicial. Surge naquela etapa que para avançar se faz necessário discernir entre o bem e o mal, o essencial e o supérfluo, a verdade e a mentira.

Fazer o pão: Representa a parte construtiva do processo, onde o "trigo" selecionado é utilizado para um propósito positivo. Simboliza a criação, a produção de algo de valor e o resultado satisfatório do esforço de focar apenas no que era útil a conclusão do trabalho.

Em essência, a frase sugere a sabedoria de distinguir o que realmente importa e usar essa essência para construir algo significativo e benéfico.

Na Parábola do Trigo e do Joio, descrita em Mateus 13:24-30, o trigo (bons) e o joio (ervas daninhas) crescem juntos, pois serão separados na colheita (julgamento final) quando o joio será colhido e queimado e o trigo colhido e colocado no celeiro.

A expressão popular indica a necessidade de separar o joio logo que identificado, porém a parábola bíblica adverte que fazer a separação precipitadamente, pode arrancar o trigo junto com o joio, de modo que é melhor que a separação seja feita na colheita.

Jesus contou a parábola onde um inimigo semeia joio (uma erva daninha) no meio do trigo. Os servos queriam arrancar o joio, mas o dono disse para esperar a colheita para não prejudicar o trigo, pois no final os anjos separariam cada um para seu destino.

O joio (azevém) é uma planta que se parece muito com o trigo jovem, mas tem um sabor amargo e é prejudicial, sendo separada na colheita.

A parábola do trigo e joio carrega várias lições espirituais e práticas sobre a vida cristã e o Reino de Deus. Vamos explorar algumas delas:

1. A Paciência de Deus

Deus permite que o trigo e o joio cresçam juntos até o tempo a colheita, por misericórdia, é o tempo para que a pessoa se arrependa e mude sua vida, conforme 2 Pedro 3:9) - “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tenham por tardia; mas é longanimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” 

2. O Julgamento Final

A separação entre o trigo e o joio simboliza o julgamento final, quando Deus recompensará os justos e condenará os ímpios conforme Mateus 13:49: “Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos.

Confie no Tempo de Deus: A colheita será feita no tempo certo, quando Deus decidir. Confie em Seu plano e em Sua justiça. Foque em Produzir Frutos: O trigo é reconhecido por seus frutos, enquanto o joio é estéril. 

João 15:5-6: Jesus fala sobre a importância de produzir frutos.

Apocalipse 14:14-16: A colheita final no julgamento de Deus.

Curiosidades Sobre o Joio e o Trigo

O Joio é Tóxico: O joio, conhecido como “cizânia” em algumas traduções, é tóxico e pode causar problemas de saúde se consumido.

Separação no Final: A prática de separar o joio do trigo era comum na agricultura da época, tornando a parábola fácil de entender para o público de Jesus.

Somos chamados a crescer e frutificar - mesmo que ao lado do joio. Ao confiar nos planos de Deus, produzimos o fruto que nos diferencia do joio e nos identifica como trigo, ou seja, filhos do Reino de Deus.


******** Autoria: Elizabeth Nogueira


Joio e Trigo - Grupo Semente (1982)


A Canção do Joio e do Trigo - Parábola Cantada

domingo, 14 de maio de 2023

Tire o Meu Povo do Egito

 


Êxodo 3:1 a 6, relata como Deus se revelou a Moisés:

"Moisés pastoreava o rebanho do sogro, Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia, levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus. Ali o anjo do SENHOR lhe apareceu em uma chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo. Moisés, então, pensou: “Vou me aproximar para ver essa coisa impressionante! Por que a sarça não se queima?”. Quando o SENHOR viu que ele se aproximava para observar, Deus o chamou do meio da sarça: ― Moisés, Moisés!Aqui estou! — ele respondeu. Então, Deus disse: ― Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa. Disse mais: ― Eu sou o Deus do seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó. Então, Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus".

Formado na corte de Faraó, na melhor educação do Egito, estava pastoreando nas pastagens do deserto de Midiã. Casou-se e cuidava dos rebanhos de seu sogro Jetro. Nem sequer os animais lhe pertenciam. Ele era um fugitivo. Fugiu após matar um egípcio que estava agredindo um hebreu.. E lá estava ele descalço diante de Deus que falava com ele através da na sarça ardente. A sarça ardente, tornou-se um local sagrado para Moisés, foi, onde recebeu a instrução de Deus para retornar ao Egito e libertar o povo de Israel da escravidão.

Êxodo 3:7-10, o Senhor Deus continua: ⁷ E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. ⁸ Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu. ⁹ E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem. ¹⁰ Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito.

Inicialmente Moisés duvidou de suas capacidades para cumprir a missão de resgate recebida. Ele temia que os israelitas ou o próprio Faraó não acreditassem em sua mensagem ou autoridade (Êxodo 3:13; 4:1). Moisés argumentou quem era ele para que fosse a Faraó e tirasse o povo de Israel do Egito, Nem um bom orador, ele era: "Ah, Senhor! Eu nunca tive facilidade para falar, nem antes, nem agora que falaste ao teu servo. Tenho a fala arrastada e a língua presa" (Êxodo 4:10, NVI).

Deus, no entanto, garantiu a Moisés a Sua presença e apoio constante, providenciando inclusive que seu irmão Arão falasse em seu nome, superando assim a hesitação inicial de Moisés e permitindo que ele cumprisse sua missão: Libertou Israel da escravidão no Egito.

A ordem de Deus a Moisés foi: "Tire o Meu Povo do Egito". Para o judaísmo e o cristianismo, o Êxodo simboliza a passagem da escravidão para a liberdade e a fidelidade de Deus às suas promessas.

A frase tornou-se um hino de resistência contra a opressão em diversos contextos históricos. O mais famoso é o spiritual afro-americano "Go Down Moses", usado como código por escravizados nos EUA que buscavam a liberdade através da "Ferrovia Subterrânea".

A história de Moisés junto ao povo do Egito e de Israel foi adaptada em diversas obras memoráveis:

1) O Príncipe do Egito (1998): Animação da DreamWorks que destaca a trilha sonora com a música "Deliver Us" (Liberta-nos).


2) Os Dez Mandamentos (1956): Filme épico estrelado por Charlton Heston.


A Bíblia ensina que foi Deus quem libertou o povo de Israel do Egito, usando Moisés como Seu instrumento e líder escolhido, com grandes sinais e milagres (Êxodo 3-14). Moisés foi o mensageiro e executor da vontade divina. A força, o poder e a iniciativa vieram de Deus para tirar Seu povo da escravidão e guiá-los rumo à Terra Prometida.

Moisés, será sempre visto como um ícone de liderança, fé e libertação. Seus ensinamentos sobre justiça, ética e relação com Deus se aplicam também à vida moderna. Sua história continua relevante para inspirar líderes, a obedecerem o Ide de Jesus e fazer discípulos (Mateus 28:19,20). Ainda que, inicialmente haja dúvidas quanto a sua capacidade em cumprir a missão recebida (Marcos 16:15). Temor de que outros não acreditem em sua mensagem ou autoridade.

Deus, é quem nos capacita para a missão evangelística e discipulado. Quem nos garante a Sua presença, apoio e providências, constante (Atos 1:8). Quem faz descer sobre nós a virtude do Espírito Santo, para nos fazer mensageiros e testemunhas em um alcance missionário progressivo. Primeiro, localmente (Jerusalém). Expandindo para a região (Judéia, Samaria). Então, globalmente (até os confins da terra).


**** Autoria: Elizabeth Nogueira


Algo semelhante ocorreu ao evangelista Brownlow North que certa vez recebeu uma carta anônima detalhando seus pecados passados pouco antes de pregar um de seus sermões, a qual ele leu publicamente para a congregação.

O incidente ocorreu em um dos primeiros momentos em que ele pregou após sua conversão. A carta, escrita por alguém que conhecia sua vida pregressa, denunciava-o como um "miserável hipócrita" e listava detalhes de seus comportamentos pecaminosos, desafiando-o a pregar depois de lê-la.

Em vez de se envergonhar, North levou a carta para o púlpito. Ele a leu em voz alta para todos ouvirem e, em seguida, usou a situação para enfatizar a profundidade do perdão e da graça de Deus, baseando-se no versículo bíblico: "Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal" (1 Timóteo 1:15).

Ele declarou à congregação: "Meus amigos, quando entrei neste edifício esta noite, uma carta foi colocada em minhas mãos. Não sei quem é o escritor, mas ele evidentemente sabe muito sobre o meu passado. Esta carta se refere a três ocasiões distintas em que me acusa de participar de comportamento depravado. Eu sou o homem descrito aqui".

Mas como é maravilhosa a misericórdia e graça de Deus! Ele aceita uma pessoa como eu. Aceita e perdoa e ainda usa como instrumento seu. Isso me deixa humilde, mas também grato, alegre e confiante. por isso quero encorajar a todos a confiarem neste Deus gracioso, que transforma o pecador. Do velho homem Ele faz um novo homem, para ser um útil vaso em suas mãos."

Esse episódio - por demonstrar sua humildade e a realidade de sua transformação - tornou-se um poderoso testemunho em seu ministério.


segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Amor é Ação, presença


O amor não é prosa e nem poesia. Aquelas três palavras não me servem. São sonetos sem pele, versos que não ressoam, metáforas que não suam, frases que não cheiram. “Eu te amo” não diz nada, entende? Não escreva o que sentiria se acordasse comigo. Acorde comigo. Não imagine meu cheiro. Me cheire. Não fantasie meus gemidos. Me faça gemer. O amor só existe enquanto amar. Ação. Calor. Verbo. Presença. Milímetros. Hálito.”

 Gabito Nunes

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Liberdade é o Segredo


Porque para o homem o clima ‘certo’ é um só: o da liberdade.
Só neste clima o homem se sente feliz e prospera harmoniosamente.
Quando muda o clima e a liberdade desaparece,
vem a tristeza, a aflição, o desespero e a decadência.”
O Minotauro, 1939. Monteiro Lobato


Monteiro Lobato foi um homem notável. Inteligente, perspicaz, advogado, editor, escritor, desenhista, crítico e nacionalista. Um nacionalismo ferrenho, que chegou a lhe custar a prisão. Preso por patriotismo! Um eterno inconformado. Não do tipo que apenas reclama, mas que luta, indignado, pela transformação. Um amante dos livros, um sabedor do universo infantil, um desbravador de nossa literatura para crianças. Um país se faz de homens e livros, por isso escrevia, em especial, para as crianças, alimentando de fantasia, aventura e liberdade as inteligências espertas desses homens do amanhã.

É sempre motivo de prazer o resgate do olhar infantil que a releitura de suas obras nos provoca. Das suas fantásticas personagens que povoavam o universo utópico do Sítio do Pica-pau Amarelo, não há como se esquecer da boneca Emília. Irreverente, teimosa, sabichona, inconformada a exemplo de seu criador. Por meio de suas tiradas, vamos nos apropriando das ideias de Lobato: "O segredo, meu filho, é um só: liberdade. Aqui não há coleiras. A maior desgraça do mundo é a coleira. E como há coleiras espalhadas no mundo.”, dizia a boneca com seu tom sempre professoral. Os livros libertam os homens, defendia o escritor.

Vale a pena reler a obra de Monteiro Lobato. Quantos ensinamentos e reflexões trazem as aventuras da Turma do Sítio. Memórias da Emília é um verdadeiro tratado de Filosofia. Com senso de humor sutil, mas afiado, suas palavras nos provocam, cutucam, incomodam.

FONTE

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Sistema de Valores



Como vai você, espiritualmente? Tem tirado um tempinho, todos os dias, para por em ordem seu mundo interior?

A ORDEM do mundo interior também é mensurada pela qualidade e não apenas pela quantidade. Por baixo de toda agitação (externa) das atividades dos dias de festejos e dos dias de aflições; da pausa dos dias de tranquilidade... é preciso existir uma organizada e estruturada base sólida (interior).

Em 2 Timóteo 2:19, lemos que : "Mas Deus estabeleceu uma base sólida que permanece firme. E sobre esta base estão escritas estas palavras: “O Senhor conhece aqueles que lhe pertencem” e “Todos aqueles que dizem pertencer ao Senhor devem afastar-se do mal”.


O nosso "mundo exterior" é de controle mais fácil, visível, ampliável. É a parte da existência cuja avaliação, em termos de sucesso é: popularidade, riqueza, beleza...


Nosso mundo interior é de natureza espiritual. É o centro de onde se determinam as decisões gestadas por nosso sistema de valores. Local de reflexão e isolamento. Lugar secreto para nossas confissões a Deus. É de onde parte a adoração que externamos. Um recanto tranquilo, onde não deve haver brechas a poluição moral e espiritual dos tempos.

“Parem de se amoldar a este mundo, mas sejam transformados, renovando a sua mente, a fim de comprovar por si mesmos a boa, aceitável e perfeita vontade de Deus.” — Romanos 12:2, Tradução do Novo Mundo.

Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” — Romanos 12:2, Versão Brasileira.

Na Bíblia, o homem exterior é o corpo físico, mortal e temporário, que se desgasta com o tempo, enquanto o homem interior é a essência espiritual, a alma e o espírito, que é criado à imagem de Deus, renovado diariamente pelo Espírito Santo e mais importante, sendo a parte eterna e verdadeira de nós, renovada nas aflições e que busca as coisas eternas, não as visíveis, como descrito principalmente em 2 Coríntios 4:16-18.

"Por isso nunca desanimamos.
Embora os nossos corpos se gastem,
a força interior vai se renovando dia a dia.
Estes nossos sofrimentos e aflições,
leves e momentâneos,
não durarão muito tempo.
Entretanto, este curto tempo de angústia
resultará em uma glória eterna sobre nós
para todo o sempre!
Portanto, não olhamos para aquilo
que podemos ver atualmente,
mas olhamos para aquilo
que não se vê.
Pois o que se pode ver
dura apenas pouco tempo,
mas o que não se vê
durará eternamente".

*** Autoria: Elizabeth Nogueira


domingo, 16 de abril de 2017

Fruto do Espírito



O temperamento pleno do Espírito Santo está descrito em Gálatas 5:22,23... o estar, ser, permanecer pleno, desconhece fraquezas, pois em lugar delas, possui 09 (nove) atributos, sua particularidade, qualidade, característica. É como o cristão deve ser, não importando qual seja seu temperamento inato (biológico, genético, ambiental), quando pleno do Espírito Santo, manifesta as qualidades espirituais, adquiridas de uma nova vida em Cristo Jesus.

À exemplo, todas essas características são encontradas na vida de Jesus.

1ª - AMOR (ágape)- amar a Deus e o próximo; O fundamento de todos os frutos, é um amor incondicional e sacrificial, que busca o bem do próximo e reflete o caráter de Deus (1 João 4:8)

2ª - ALEGRIA - alegria duradoura que vem da certeza da salvação e da presença de Deus. Não é limitada pelas circunstância (Romanos 8:28; Filipenses 44; João 15: 10-11);

3ª - PAZ - paz que vem de Deus, confiança e esperança. Dependência de Deus em toda e qualquer situação, não apenas quando as circunstâncias são favoráveis. (João 14:26-27; Romanos 5:1; Filipenses 4:7);

4ª - PACIÊNCIA / LONGANIMIDADE - capacidade de enfrentar dificuldades, aflições, atrasos, sem perder a fé, suportando com firmeza contrariedades, com paciência, tolerância, disposição e coragem;

5ª - BENIGNIDADE - Bondade, generosidade profunda, afável, atencioso, compreensivo... sensível as necessidades a sua volta;

6ª - FIDELIDADE / BENEVOLÊNCIA - inclinação a fazer o bem sem espera de retorno ou reconhecimento. Inclui hospitalidade e todos os atos que emanam de um coração desprendido (Tito 3:8);

7ª - CONFIANÇA - Dependência de Deus (Salmo 27:14); Lealdade e confiança em Deus. Nos relacionamentos, demonstra integridade e constância (Mateus 25:21); 

8ª - MANSIDÃO - é a docilidade a todo tempo, ou seja, ser calmo, obediente, amável, receptivo a disciplina e orientação, no trato com desconhecidos e conhecidos. Vivendo a verdade do grande amor de Cristo. E, aqui destaco que nestes dois grupos estão inclusos: amigos e familiares.

Tem aquele que reproduz em qualquer ambiente (social, familiar) toda sua bagagem de velho homem, sem compromisso, vivendo em falsidade porque não se deixou ser transformado pelo ato da conversão...

Outro ainda, no ambiente social, "fora de casa" é tranquilo, brando, respeitoso, cordial... contudo "dentro de casa", no ambiente familiar é inquieto, apressado, sem paciência.

O carinho e o respeito no trato com pais, filhos, cônjuges, deixou de existir... O tratamento sempre é "com casca e tudo". Tragicamente, sua casa em nada se assemelha a um lar de uma pessoa cristã, plena do Espírito Santo.

Atitudes e palavras ferem profundamente, tornando a família infeliz, desmotivada, sem esperanças. O convívio é falso, tenso, sem diálogo proveitoso. O ambiente é conflituoso. Ninguém se entende. Não há respeito, carinho, cuidado... apenas estragos psicológicos, emocionais e espirituais que não se podem mensurar.

9ª - AUTOCONTROLE / DOMÍNIO PRÓPRIO - é estável, digno de confiança. Vida integra, de acordo a vontade de Deus.

Nenhum cristão é perfeito em Deus, se não se nutrir diariamente dos ensinamentos das Escrituras Sagrada (Bíblia), como referido em 2 Timóteo 3: ¹⁶ Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; ¹⁷ Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra".

Na Bíblia, Paulo utiliza o termo "Fruto do Espírito" no singular para destacar que todas as qualidades listadas (amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio) formam um único fruto integrado produzido pelo Espírito Santo na vida do cristão.

São nove atributos não são independentes, nem opções separadas, tipo "esse fruto eu tenho, esse não". São 09 qualidades interconectadas de uma única transformação espiritual. Todas devem ser cultivadas em conjunto para que o fruto esteja completo. O amor é a base do fruto, sustentando todas as outras expressões da vida cristã.

A transformação do velho homem em nova criatura não se encerra no ato da conversão. Não termina no Batismo. Não está conclusa após tantos meses e tantas décadas de cristão, de membresia... a plenitude do Espírito Santo se renova dia após dia (Romanos 8:9-14).

** Autoria: Elizabeth Nogueira


Corpo e Família _ Louvor Aliança


Família - Aline Barros

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Petróleo: Independência Econômica do Brasil




Em “O Escândalo do Petróleo” (1936) Monteiro Lobato denuncia o jogo de interesses motivados pela extração do petróleo. Com isso, critica o envolvimento internacional das autoridades brasileiras.

Lobato revela os bastidores da campanha prol da exploração do petróleo em terras brasileiras. Animado com a experiência vitoriosa dos Estados Unidos, o escritor consultou especialistas, reuniu capital junto a pequenos investidores e fundou empresas de prospecção. Dedicou dez anos à tarefa de descobrir nosso óleo combustível, mas acabou derrotado pelos interesses de grupos estrangeiros apoiados pelo governo Vargas.

A verdadeira epopeia é resgatada nesse livro que tirou algumas edições de circulação entre 1936 e 1937, até sua proibição pela ditadura do Estado Novo e volta posterior com a abertura do regime.

Fechado o volume, Lobato tenta mostrar que a doutrina de Henry George baseada no “Imposto Único” sobre a terra improdutiva resolveria de uma só penada, os graves problemas do país. E tudo isso, diz ele, com vantagem de não alterar a ordem social, que permaneceria intacta, longe de uma revolução dos modos soviéticos, perspectivas assustadoras naqueles tempos de início da Guerra Fria.

Neste livro Lobato denunciou que o país estava escondendo seu próprio petróleo para atender ordens dos trustes americanos (Empresa Standard Oil), Lobato denuncia a omissão do Departamento Nacional de Produção Mineral acusando-o também de fraudar pesquisas que comprovavam que na terra tupiniquim havia petróleo em abundancia e também de haver empresas petrolíferas americanas por traz dos fraudes, critica de forma dura os "geólogos" Malamphy e Opphenheim de atender as demandas da Standard Oil e boicotar perfurações brasileiras no próprio território, aponta também que as leis, mesmo antes do Estado Novo 1937, já eram a favores da perpetuação do Brasil na compra de petróleo americano, sendo assim, não produzindo o seu próprio bem.

Preso no governo Vargas, Monteiro Lobato, nacionalista ferrenho, funda um dos maiores movimentos da história deste país "O petróleo é nosso" influenciando seu próprio algoz Getúlio Vargas que anos mais tarde fundou a Petrobrás, o Brasil entrava para história ao ser o segundo país do mundo independente da produção de Petróleo dos Estados Unidos, depois da União Soviética.

"Não perfurar e não deixar que se perfure”. Esta era a situação que Monteiro Lobato, o grande ativista de sua época sobre a exploração do petróleo, diagnosticou no Brasil. Ele simplesmente não admitia que num país de enormes dimensões, e num continente no qual as descobertas se multiplicavam, não houvesse um esforço para explorar a fonte de energia que substituía rapidamente o carvão naquela primeira metade de século 20. 

O livro O escândalo do petróleo deu origem às principais bandeiras do movimento da sociedade civil que viria anos depois contribuir para a criação da Petrobras. E é este texto, acrescido de Georgismo e comunismo, que a Editora Globo resgata, neste momento em que o Brasil – passadas sete décadas – se prepara para se tornar uma das maiores potências petrolíferas do planeta. 

O Escândalo do petróleo foi lançado originalmente em 1936, durante o primeiro mandato de Getúlio Vargas. Ele relata a aventura vivida pelo próprio escritor, que reuniu capital de pequenos investidores e tentou por dez anos encontrar petróleo no subsolo brasileiro. Por conta de sucessivos empecilhos do governo da época, as tentativas de prospecção acabaram frustradas. Mas, a repressão não se resumiu ao Lobato empresário e ativista; também o escritor acabou tendo seu texto proibido pela ditadura do Estado Novo em 1937, após o sucesso editorial do lançamento com algumas tiragens sendo vendidas rapidamente. Essa situação só iria se modificar com Vargas deixando o poder em 1945.

Já o texto Georgismo e comunismo, que compõe a edição da Globo, é de 1948. Nele o autor apresenta o pensamento econômico do norte-americano Henry George, como forma de promover avanços sociais numa democracia capitalista e assim evitar a ameaça comunista que havia se tornado realidade com a participação da União Soviética na vitória sobre as forças do Eixo na Segunda Guerra Mundial. A proposta de George tem como ponto principal a criação de um “imposto único” sobre a terra improdutiva. 

Nesses dois textos o leitor vai constatar como as reivindicações de Lobato são atuais. Afinal, os cenários mudaram, mas não os problemas que o Brasil continua enfrentando tanto tempo depois. E, à falta do homem público, restam seus textos cheios de coragem e esperança no futuro.

Uma visão sobre o autor e obra que quero aqui compartilhar...

Publicação
Tese: “Edição de textos fidedigna e anotada das cartas trocadas entre Monteiro Lobato e Charles Frankie (1934-1937): Edição e estudo da correspondência entre Monteiro Lobato, Charles Frankie e alguns companheiros da Campanha Petrolífera, como Edson de Carvalho”Autora: Kátia Nelsina Pereira ChiaradiaOrientadora: Marisa Philbert LajoloUnidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)

Poder, literatura e petróleo

Choveu petróleo no Sítio do Pica-Pau amarelo. E, sobre o poço, perfurado graças aos artifícios de quatro “Faz-de-conta”, foi inaugurada a placa com os dizeres: “Salve! Salve! Salve! Deste abençoado poço – Caraminguá nº 1, a 9 de agosto de 1938 saiu, num jato de petróleo, a independência econômica do Brasil”. Esse era o desejo de Monteiro Lobato que, sem poder lançar mão da fantasia, como faziam seus personagens, recorreu a outro poder: o de escrever livros e cartas e mais cartas e livros que influenciassem pessoas, antecipando, assim, o que uma tese de doutorado veio a concluir quase um século depois: que literatura também é poder.

Foi entre os anos de 1934 e 1937 que foram estreitadas as relações entre o escritor e o engenheiro do petróleo Karl Werner Frankie, suíço imigrado em 1920, que no Brasil mudou de nome, passando a ser “Charley Frankie” – também chamado de Charles pelos amigos. Nas 147 cartas que chegaram às mãos da pesquisadora Kátia Chiaradia, ele e Lobato falam de petróleo, poder e literatura. Professora e leitora das obras do escritor, apaixonada por O Poço do Visconde, ela sempre citava Lobato em suas aulas sem imaginar que o neto de Frankie ocupava uma das carteiras.

Professora, vou trazer para você umas cartas que temos em casa, que o meu avô trocava com Monteiro Lobato”. O impacto imediato do presente do aluno foram duas noites sem dormir. Depois vieram o mestrado, um capítulo de livro que ganhou o prêmio Jabuti, e a tese de doutorado “Edição de textos fidedigna e anotada das cartas trocadas entre Monteiro Lobato e Charles Frankie (1934-1937): Edição e estudo da correspondência entre Monteiro Lobato, Charles Frankie e alguns companheiros da Campanha Petrolífera, como Edson de Carvalho”.

Torre de petróleo do campo de Araquá;
no topo vê-se a sigla da Companhia Petróleos do Brasil (CPB)


Kátia estudou com afinco as 147 cartas, sendo 91 de Lobato para Frankie e 39 deste para o escritor, além de alguns documentos técnicos relacionados à exploração do petróleo no solo brasileiro. Como Frankie por vezes guardou cópias carbonadas de sua correspondência, houve a oportunidade de trabalhar não só com as cartas que Lobato enviara ao suíço, como também com as que este encaminhava a Lobato.

“Nessas cartas, Lobato, além de se familiarizar com alguns termos técnicos-geológicos da exploração petrolífera, faz críticas contundentes ao Código de Minas de 1934 e ao ‘atraso brasileiro’, protagonizando a história das primeiras companhias petrolíferas do Brasil”. É de Lobato a frase que serviu de slogan para a campanha do petróleo que resultou na criação da Petrobrás. “O petróleo é nosso” teria sido a última frase de uma derradeira entrevista concedida à rádio por Lobato, dois dias antes de morrer.

O escritor não foi só um ativista da causa do petróleo de solo brasileiro. Efetivamente trabalhou nas pesquisas para tentar encontrar o óleo negro no solo do país, oficialmente descoberto na Bahia, em 1939. Entre 1932 e 1937, Lobato fundou ou se filiou a três diferentes companhias de prospecção: Cia Petróleos do Brasil, Cia de Petróleo Nacional e Cia Mattogrossense de Petróleo. Também se associou à pesquisa da petrolífera Alliança Mineração e Petroleos LTD, a AMEP, um departamento da Companhia de Petróleo Nacional.

Charley W. Frankie em três momentos: em retrato, na Orquestra de Limeira em 1927 (segundo violinista, à esq.) e trabalhando na demarcação de terras (primeiro plano, à esq.)

As experiências vividas no embate de anos tentando provar que havia petróleo no Brasil e que, com a descoberta, o país poderia se tornar tão rico quanto os Estados Unidos, foram compartilhadas ou serviram de inspiração para suas obras. Escreveu o livro O Escândalo do Petróleo, prosa sócio-política lançada em 1936 e que teve 20 mil exemplares esgotados em apenas 5 meses. Antes, redigiu diversos artigos para jornais sobre o assunto e traduziu e prefaciou A Luta pelo Petróleo, de Essad Bey, de 1935, juntamente com o amigo Charley Frankie. Sua “saga” em defesa do ouro negro culminou na obra O Poço do Visconde, de 1937, décimo volume da série “obras completas” de ficção para crianças.

Nas cartas que os amigos trocaram é possível identificar menções a livros e leituras, seja na parceria da tradução ou na organização e compilação de O Escândalo do Petróleo, afirma Kátia. “De ‘Prezado’, da primeira carta de Lobato a Frankie, a ‘Amigo Frankie’, em poucos dias: a relação durou, ao menos, três anos – no petróleo, nos livros, nos bastidores políticos”, afirma a autora.

Era uma preocupação de ambos o fato de engenheiros ligados à empresa norte-americana Standart Oil atestarem para o governo brasileiro que não havia petróleo no Brasil. “Lobato ficou conhecido como o ‘pai’ da Petrobrás, porque sempre foi contra a pesquisa americana no Brasil”. Kátia desconstrói a tese de que Lobato era a favor da estatização, da exploração pelo Estado brasileiro. “Ele era a favor da iniciativa privada e tinha intenção de fazer uma parceria com a empresa alemã ELBOF à qual Frankie também era ligado, como representante técnico”.


A pesquisadora Kátia Nelsina Pereira Chiaradia, autora da tese: “Lobato dedicava-se visceralmente aos ‘bastidores do petróleo’, por meio de intensa troca de cartas, buscando os mais diversos arranjos políticos e comerciais

Para Lobato, o comportamento da Standart Oil era o mesmo de um “Octopus” ou polvo, disfarçando-se em empresas ou órgãos nacionais para, quando fosse interessante, prender sua vítima, ou seja, os petroleiros brasileiros, até a morte.

No livro O Escândalo do Petróleo, porém, o escritor toma o cuidado de não deixar claro que se tratava da empresa. O assunto é tratado em uma das cartas a Frankie: “Não podemos acusar a Standard. Sabemos que no fundo de tudo está o Octopus, mas, em vez de falar em Standard, temos de dizer os Interesses Ocultos”, escreve Lobato.

A campanha do petróleo se confunde com a ficção. A correspondência ainda adverte, por exemplo, para os riscos de morte a que seu sócio na Companhia Petróleo Nacional, Edson de Carvalho, estaria sujeito. Segundo Kátia, Lobato retoma com Frankie duas mortes ligadas à campanha que ele afirma categoricamente que devem ser tratadas como “eliminação”. Ao abordar o assunto em seu livro, usa de ironia e apassiva os verbos. Um “foi morrido” e o outro “suicidado”.

“A empreitada apaixonada rendeu-lhe frutos extremos: de um lado, seria o grande responsável por levar a público três obras da literatura, recordistas de tiragem e referências sobre a saga do petróleo. No outro extremo, contudo, sua atuação colocou-o em choque com o governo de Getúlio Vargas, o que o levou à prisão”, descreve a autora.

Livros de Monteiro Lobato e outro prefaciado por ele sobre petróleo:
autora da tese revela conexão entre as cartas e os conteúdos das obras

Morri um bom pedaço na alma”, desabafou Lobato em 1941 depois de ter passado seis meses atrás das grades na ditadura do Estado Novo. “A relação entre Getúlio Vargas e Monteiro Lobato desenrolou-se de maneira bastante irregular, alternando momentos de aparente concordância ideológica com divergências extremas”.

Na carta que levou Monteiro Lobato à prisão o escritor ressaltava a “displicência do Sr. Presidente da República, em face da questão do petróleo no Brasil, permitindo que o Conselho Nacional de Petróleo retarde a criação da grande indústria petroleira em nosso país, para servir, única e exclusivamente, os interesses do truste Standard-Royal Dutch”, relata a autora da tese em uma das notas de rodapé do trabalho.

Kátia fez uma série de notas de rodapé à íntegra das cartas publicadas em seu doutorado. Nelas, a pesquisadora trata do contexto político, das perfurações e companhias petrolíferas brasileiras, dos “interesses estrangeiros” no Brasil, da relação pessoal entre Lobato e seus interlocutores, entre outros temas.

A relação entre trechos das cartas com a ficção lobatiana já havia sido mostrada na dissertação de mestrado de Kátia, quando ela analisou e comparou 16 cartas trocadas com Charles Frankie e O Poço do Visconde. “Lobato escreveu inspirado no que eles viviam nos poços que perfuravam”.

Na história infantil, para se iniciarem os trabalhos de campo, por exemplo, não bastava a vontade de Pedrinho. Foram chamados dois “experientes” técnicos estrangeiros: Mr. Kalamazoo e Mr. Champignon. “Estes podem ser lidos, talvez, como duplos ficcionais de J. W. Winter, engenheiro alemão e Frankie, que respondiam pelas perfurações de duas companhias de Lobato”. Na ficção, prossegue a autora em sua análise, os técnicos eram norte-americanos, “o que levantou fortíssimas suspeitas de Quindim que, tal qual Lobato, jamais confiara nos estudos desenvolvidos sob encomenda do governo brasileiro”.

Foi no doutorado somente que Kátia trabalhou com todas as cartas, transformando-as para a edição e acrescentando as notas de rodapé. “Também percebi o quanto da correspondência está em O Escândalo do Petróleo. Muita gente se pergunta de onde veio essa criatividade, do Lobato, como ele havia tido essa ideia. Foi da vida real mesmo. Quando ele teve um problema com um perfurador, por exemplo, lemos a mesma história no O Poço do Visconde: o técnico americano que chegou e sabotou o poço da Dona Benta.”

Rede de influências
Para a autora, a análise das cartas também expõe uma vasta discussão entre os correspondentes sobre as implicações políticas de um livro e “em especial”, sobre a força da literatura de Lobato na defesa “da causa”, como eles diziam. Lobato e Frankie citam muitas personalidades do cenário político-histórico nacional, a ponto de tornar-se necessária e complementar ao trabalho a confecção de um índice onomástico no final da publicação, com os nomes de todos as pessoas citadas nas cartas que compõem o que a pesquisadora considera uma verdadeira rede de influências construída pelo escritor.

“Lobato dedicava-se visceralmente aos ‘bastidores do petróleo’, por meio de intensa troca de cartas, buscando os mais diversos arranjos políticos e comerciais. O que não está claro nos livros, mas conseguimos perceber pela leitura das cartas, é como Lobato fazia parte do cenário político da época, como era ouvido, como era alguém que estava em todos os ambientes, tinha ‘ouvidos’ em todos os ambientes e como usava a literatura porque ele era conhecido não por ser um perfurador, mas por ser um grande escritor”, ressalta Kátia.

Perceber o tamanho da rede de influências de Lobato é uma das contribuições da tese que a pesquisadora considera mais importante. “De Getúlio Vargas até o perfurador do poço, passando por Armando de Salles Oliveira, engenheiro e político brasileiro, fundador da USP, foi uma rede construída a partir da literatura, que mostra como a literatura é capaz de construir um terreno político”.

Na sequência: telegrama de Monteiro Lobato para Frankie, em 1935;
carta do escritor ao engenheiro, em 1936; carta do suíço a Lobato, de 1937,
com desenho de sonda do campo de petróleo de Araquá

Unicamp abriga acervo do escritor

O livro de receitas de Dona Purezinha era diferente de qualquer livro de receitas que se tem conhecimento. O biscoitinho de araruta era adjetivado de “manhoso” e, além do modo de fazer, recomendava um modo de comer: “assa-se, come-se e repete-se”, brincava seu escriba Monteiro Lobato, marido de Maria Pureza da Natividade de Souza e Castro. Lobato provavelmente ajudava a mulher a “passar a limpo” seus cadernos de receita, acrescentando pitadas de literatura.

Essas e outras preciosidades da intimidade do escritor estão em documentos guardados no Cedae (Centro de Documentação Alexandre Eulálio), do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. O local também guarda parte da história do amigo estrangeiro com quem Lobato trocava as cartas estudadas por Kátia Chiaradia.

De Lobato há no Cedae a chamada Bi-blioteca Lobatiana, uma grande coleção com mais de 300 impressos, doada pela então mestranda em Teoria e História Literária no IEL Cilza Carla Bignotto, também orientada pela professora Marisa Lajolo. Cilza localizou em Santos uma coleção de livros, folhetos e periódicos de e sobre Monteiro Lobato. Adquiriu o conjunto com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e, quando terminou a pesquisa, em 1999, fez a doação do material para a Unicamp.

Trata-se de uma coleção temática que abrange ainda material publicado por uma de suas editoras e objetos como selos, estojo infantil e até curativos adesivos com os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Foi a partir de uma exposição dessa coleção que a família do escritor decidiu doar para o Cedae o Fundo Monteiro Lobato, com documentos que se referem à vida pessoal e profissional do escritor.

O Fundo inclui documentos pessoais e correspondências, inclusive as trocadas com Dona Purezinha durante o período de namoro. “A última carta dessa correspondência traz o convite de casamento”, conta a diretora técnica do Cedae, Flávia Carneiro Leão. O arquivo também é composto por livros, manuscritos e datiloscritos de contos, crônicas e traduções, além de desenhos, aquarelas e fotografias de autoria de Lobato.

Há no Fundo um ‘núcleo’ da intimidade de Lobato que inclui, entre outros documentos, a correspondência amorosa e também uma coleção de fotografias que ele fez da neta e que mostram o olhar desse avô para sua neta que devia ser muito querida por ele”, acrescenta Flávia.

Homem comum

Quando o conjunto de cartas trocadas por Frankie e Lobato chegou ao Cedae, surgiu esse novo personagem, desconhecido, mas também fascinante. Quem seria o engenheiro de petróleo suíço, que se tornou amigo de um dos maiores escritores do país? “Ficamos surpresos com o montante considerável de cartas trocadas por Lobato com alguém desconhecido como o Charley Frankie, e mais ainda que na correspondência também havia discussões sobre literatura”, ressalta Flávia.

A diretora comenta que houve a necessidade de conversar com a família do suíço para melhor identificar o material. Chegaram a uma filha, moradora de Holambra, avó do garoto que havia entregue as cartas a Katia Chiaradia. “Tivemos acesso à certidão de nascimento dele, informações sobre sua vinda para o Brasil, as relações familiares, viagens que ele fez, mapas que desenhou, enfim, conseguimos reunir a documentação que hoje, organizada, ampliou a relevância deste conjunto documental para além do mero correspondente do Lobato.

Pela primeira vez na história do Cedae uma pessoa desconhecida teve sua trajetória preservada. “Quando elegemos aqueles que terão um acervo preservado, pessoas que ficarão para a posteridade, geralmente essa escolha recai sobre os grandes nomes. Mas é preciso preservar também a memória do homem comum. Neste sentido, a documentação de Charley Frankie difere dos demais arquivos do Cedae por contar a trajetória de um imigrante que, saído do Cantão suíço, veio parar no Brasil e se embrenhou pelo interior, no meio da floresta, fazendo trabalhos de geologia; e que discute com Lobato questões de engenharia e literatura”.

Este imigrante possivelmente fugia da Primeira Guerra e certamente de uma Europa em crise e, no Brasil, casa-se, toca em uma orquestra, troca muitas cartas com a filha, ainda criança, e vai passar seus últimos anos em Mato Grosso do Sul, falecendo em Corumbá, em 1968, aos 74 anos.

FONTE