Nesta campanha publicitária da Wallis, as mulheres que aparecem na campanha são fantásticas, sofisticadas, etéreas, distantes e sabe-se como a distância é um dos pormenores mais importantes da arte da conquista.
Hitchcok dizia que nunca lhe interessaram mulheres com uma sexualidade demasiado óbvia. Por isso a Ingrid Bergman foi a grande diva dos filmes do mestre: aquele ar de senhora respeitável, a forma clássica mas elegante de vestir, o olhar inteligente, chegavam e sobravam. É mais sensual um tornozelo da dama que os decotes óbvios...
Pois bem, as mulheres da Wallis, desde logo retratadas em anúncios de sóbrio preto e branco são assim, fazem-nos lembrar a Ingrid Bergman, possuem essa rara qualidade da elegância etérea que nos subjuga e arrasa na sua leve e pesada distância.
É isso que as torna perigosas. Os homens que as vêm distraem-se ao verem passar as garotas. Os homens dos anúncios da Wallis – são retratados na sua debilidade, na sua completa subjugação à beleza distante e perigosa da mulher que passa na rua.
O que é mais impressionante: a beleza distante daquelas mulheres anônimas ou ver que o revisor do metrô, prestes a saltar, vai bater a cabeça? O perigo da navalha nas mãos de um barbeiros distraído? O carro desgovernado ou seria um motorista desgovernado batendo de cheio na ponte? O aparador de grama aproximando-se do leitor distraído?
Wallis: Danger Everywhere, por Marsapo
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