domingo, 16 de janeiro de 2011

Duas Chuvas



Chovem duas chuvas:

Uma de água e outra de lágrimas
Uma de água e outra de lama
Uma de água e outra de casas
Chuvas que deixam crianças sem cama

Chovem duas chuvas:

Uma de água e outra de fome
Uma de água e outra de azar
Uma de água e outra sem nome
Chuvas que levam em suas águas a paz

Chuvas de desespero, de tristeza
Chuvas de solidão
Chuvas em cima da mesa
Terra no lugar do pão

Esta chuva que não cessa
Deixando tantos ao léu
Pedidos, súplicas e promessas
Olhares aflitos esperam a ajuda do céu

Corpos engolidos pela terra
Sem tempo de se despedir
Avalanches invadem sem espera
Vidas convidadas a partir

No olhar da menina passeia uma lágrima
A chuva insolente beija-lhe a face
Pezinhos descalços no chão de lástimas
Na inocência das crianças a esperança nasce

Chega de tanta chuva!
Que reine o sol e a luz
A fé do povo se curva
Aos pés da santa cruz!

Deus!
Há muito sofrimento nestas paragens
Lança sobre os desabrigados a tua proteção
Dá para Teus filhos a coragem
Que encontrem na tristeza
A fortaleza da oração

Deus!

E aqueles que se foram
Levados pela terra e pela água
Segura-os em Tuas mãos
Que tenham no céu uma morada
E a paz eterna reine em cada coração

E para aqueles que ficaram
Muita força e coragem
Aqui por onde as águas passaram
As terras desmoronaram
A fé, agora pede passagem!

(Cassiane Schmidt)
**** Formação-Formada em Pedagogia e em Letras pela Uniasselvi-Universidade para o desenvolvimento do alto vale do Itajaí. Pós-graduada em Gestão Escolar pelo ICPG – Instituto Catarinense de Pós Graduação. Pós-graduada em Linguistica pela Universidade Gama Filho. Acadêmica do curso de Pós- Graduação em Metodologia do ensino da Língua Portuguesa e Literatura pela Uniasselvi e do curso de Revisão de Texto pela Universidade Gama Filho. (2008)


Lembro de Súplica Cearense, de Gordurinha...

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